Hugo Cisneiros (Eitch), hugo arroba devin ponto com ponto br
Versão 4.0, 2006
Índice
Prontos para colocar as mãos no teclado e cansar os dedos com um monte de comandos de Linux? Pois é, como expliquei anteriormente, o Linux possui uma interface texto, que é o console e permite que você use diversos comandos para fazer as mais variadas tarefas no sistema. Desde fazer um despertador, até completos programas com múltiplas funções... Apenas algumas palavras: poder e controle total sobre o sistema operacional!
E é por essa razão que procuro sempre mostrar o lado por de trás das interfaces bonitinhas e gráficas: controle a aprendizado do sistema. Nos sistemas Unix em geral (isso inclui o Linux), a filosofia é criar sempre vários programinhas (ou comandos, se preferir) que fazem determinadas tarefas específicas. Com isso, você pode tanto usar apenas um comando para fazer uma simples coisa, ou então combinar vários comandos e fazer um programa super complexo!
Tá na hora da gente começar a conhecer os comandos do Linux ;) Começando pelo básico preciso para se virar com a interface texto. Como existem centenas de comandos, não vou mostrá-los totalmente aqui. Mais comandos estarão disponíveis em outras seções deste manual: principalmente a parte de shell-script, que mexe muito com isso.
Índice
A primeira coisa que sempre vem em mente no uso de um sistema operacional é como lidar com os arquivos dentro dele... Nesta seção eu vou mostrar alguns comandos básicos para mexer com os arquivos.
cd [nome_do_diretório]
Este comando acima mudará o diretório atual de onde o usuário está. Há também algumas abreviações de diretórios no Linux para a facilitação, estes são:
Abreviação | Significado |
---|---|
. (ponto) | Diretório atual |
.. (dois pontos) | Diretório anterior |
~ (til) | Diretório HOME do usuário |
/ (barra) | Diretório Raiz |
- (hífen) | Último diretório |
Tabela 3.2. Parâmetros do comando cd
Por exemplo, se eu quero ir para o meu diretório home, faço o seguinte:
$ pwd
/usr/games
$ cd ~ $ pwd
/home/hugo
Ou seja, eu estava no diretório /usr/games
e com um simples cd
para o diretório ~
, fui para o meu diretório home (/home/hugo
). Quando você deseja saber o caminho completo do diretório em que você está, utilize o comando pwd
. Se você deseja ir para um diretório que está na raiz diretamente, você usa o /
antes, exemplo:
$ pwd
/usr/local/bin
$ cd /etc/rc.d $ pwd
/etc/rc.d
$ cd - $ pwd
/usr/local/bin
Eu estava no diretório /usr/local/bin
e quis ir para o diretório /etc/rc.d
que está na raiz. Note depois que eu usei o hífen e fui de volta para o último diretório em que eu estava.
ls [opções] [arquivo/diretório]
Este comando lista os arquivos, nada mais que isso. Se você executar apenas o ls
sozinho, ele vai mostrar todos os arquivos existentes no diretório atual. Há também as opções extras:
Parâmetro | Significado |
---|---|
-l |
Lista os arquivos em formato detalhado. |
-a |
Lista os arquivos ocultos (que começam com um . ) |
-h |
Exibe o tamanho num formato legível (combine com -l ) |
-R |
Lista também os subdiretórios encontrados |
Tabela 3.3. Parâmetros do comando ls
Exemplo de uma listagem detalhada:
$ ls -l
total 9916
drwxrwxr-x 5 hugo hugo 1302 Aug 16 10:15 CursoC_UFMG
-rw-r--r-- 1 hugo hugo 122631 Jul 12 08:20 Database.pdf
-rw-r--r-- 1 hugo hugo 2172065 Jul 12 08:20 MySQL.pdf
-rw-r--r-- 1 hugo hugo 2023315 Jul 12 08:20 PHP.pdf
Podemos também usar no ls
os wildcards, ou seja, caracteres que substituem outros. Exemplo: eu quero listar todos os arquivos que têm a extensão .txt
, faço o seguinte:
$ ls *.txt
debian-install.txt manualito.txt named.txt plip.txt seguranca.txt
ipfw.txt mouse.txt placa_de_video.txt rede.txt sis.txt
O wildcard é o *
, que representa "tudo".txt
. Existem outros wildcards, exemplo disso é o ponto de interrogação (?
), que substitui apenas 1 caractere, exemplo:
$ ls manual?.txt
manual1.txt manual2.txt manual3.txt manualx.txt manualP.txt
Existe outro wildcard, que envolve os colchetes. Por exemplo:
$ ls manual[3-7].txt
manual3.txt manual4.txt manual6.txt manual7.txt
Lista todos os arquivos que tiverem como manual?.txt
, onde o ?
pode ser substituído por 3, 4, 5, 6 e 7.
mkdir <nome_do_diretório>
Cria um diretório. Exemplo:
$ mkdir ~/paginas
Esse comando cria um diretório dentro do HOME do usuário que o executou.
rmdir <nome_do_diretorio>
Apaga um diretório que esteja vazio. Exemplo:
$ rmdir /tmp/lixo
Isto apagará o diretório /tmp/lixo
apenas se ele estiver vazio. Para apagar um diretório com seu conteúdo, use o comando rm
.
cp [opções] <arquivo_origem> <arquivo_destino>
O comando cp copia arquivos e diretórios. Como opções dele, podemos ver:
Parâmetro | Significado |
---|---|
-i |
Modo interativo. Pergunta se você quer sobrescrever ou não (confirmações) |
-v |
Mostra o que está sendo copiado. |
-R |
Copia recursivamente (diretórios e subdiretórios) |
Tabela 3.4. Parâmetros do comando cp
Exemplos:
Quero copiar brasil.txt
para livro.txt
, com a opção de modo interativo.
$ cp -i brasil.txt livro.txt
cp: sobrescrever `livro.txt'?
Como o arquivo livro.txt
já existia, ele pergunta se quer sobrescrever, responda y (sim) ou n (não). Agora eu quero copiar o diretório /home/ftp
com tudo dentro (até seus subdiretórios) para /home/ftp2
, faço o seguinte:
$ cp -R /home/ftp /home/ftp2
mv <arquivo_origem> <arquivo_destino>
Este comando simplesmente move algum arquivo para outro lugar. Ele também é usado para renomear um arquivo. Por exemplo, se eu quero renomear o industria.txt
para fabrica.txt
, eu faço o seguinte:
$ mv industria.txt fabrica.txt
Se eu quiser mover o industria.txt
para /home/usuario
com o mesmo nome, faço:
$ mv industria.txt /home/usuario
rm [opções] <arquivo>
Este comando apaga definitivamente o arquivo ou diretório. Exemplo:
$ rm arquivo.bin
Para apagar um diretório com todo seu conteúdo, usa-se a opção -r
, assim:
$ rm -r /tmp/lixo
Cuidado | |
---|---|
O comando |
find <diretorio> [-name nomedoarquivo]
O comando find
procura por arquivos no diretório especificado. Em seu uso mais simples, ele procura pelos nomes dos arquivos, mas pode também procurar por permissões, última modificação, etc. Como base, usaremos um exemplo para procurar o nome de um arquivo:
$ find /home/eitch -name arquivo.txt
Isso irá procurar o arquivo.txt
dentro do diretório /home/eitch
. Os wildcards mostrados no comando ls
(Seção 3.3.1.2, “ls - Listar arquivos”) também podem ser usados:
$ find /home/eitch -name documento*.odp
O find
irá procurar todos os arquivos que tem o nome que começam com documento e terminam com .odp
.
ln -s <arquivo_origem> [link simbólico]
Este comando é usado para gerar links simbólicos, ou seja, que se comportam como um arquivo ou diretório, mas são apenas redirecionadores que mandam seu comando para outro arquivo ou diretório, por exemplo:
$ ln -s /manual /home/linux-manual
Este comando criará o link /home/linux-manual
, se você der um ls -l
você verá que o diretório /home/linux-manual
está apontando para /manual
. Se você ir para o /home/linux-manual
, você na verdade estará no /manual
, mas como é um link, não há diferença.
cat <arquivo>
Este comando existe para mostrar o conteúdo de um arquivo, ou para fazer a cópia deste arquivo, ou uma junção. Vejamos um exemplo, se eu quiser mostrar o conteúdo de /home/usuario/contato
, eu digito:
$ cat /home/hugo/contato
Aparecerá o conteúdo do arquivo contato:
Hugo Cisneiros
hugo_arroba_devin_ponto_com_ponto_br
http://www.devin.com.br/eitch/
Este comando pode também servir de direcionador para outro arquivo. Indicadores são usados para isso.
Indicador > faz uma cópia, exemplo:
$ cat contato1 > contato2
Indicador >> acrescenta um arquivo ao outro, exemplo:
$ cat contato1 > contato2
O cat
pode fazer coisas que nem você imagina, como tocar sons. Para fazer isso é simples, ele direciona o arquivo som para o dispositivo de áudio (que no linux é representado por um arquivo). Primeiro vamos gravar com um microfone o seu som:
$ cat gravacao.au < /dev/audio
Agora escute o som que voce gravou com o comando:
$ cat gravacao.au > /dev/audio
file <arquivo>
Este comando identifica o tipo de arquivo ou diretório indicado pelo usuário conforme os padrões do sistema operacional. Há varios tipos de retorno, vamos aqui ver alguns mais importantes:
ASCII text C Program source
directory ELF-Executable
data Bourn-again shell-script
Apenas um exemplo deste comando:
$ file linux.txt
ASCII Text
Índice
Cada programa executado no Linux gera um processo no sistema. Cada um desses processos tem um número de identificação próprio, chamado de PID (Process ID). Neste tópico, aprenderemos alguns comandos para mexer com esses processos.
ps [opções]
Quando um programa é executado no sistema, ele recebe um número de identificação, o chamado PID. Este comando lista esses processos executados e apresenta o PID. Além do PID, ele também mostra o comando executado (CMD
) e também o STAT
(status atual do processo executado, veja nota abaixo), além de outros.
O status do processo é identificado por letras, aqui segue uma tabela com as definições de cada letra:
Letra | Definição |
---|---|
0 (Zero) | Não existente (Fruto da sua imaginação ou horas sem dormir) |
S | Descansando, não ativo (Sleeping) |
R | Rodando (Running) |
I | Intermediando (Intermediate) |
Z | Terminando (Zumbi, muito sinistro) |
T | Parado (Stopped) |
W | Esperando (Waiting) |
Tabela 3.5. Status dos processos no comando ps
Agora um exemplo para este comando:
$ ps aux
USER PID %CPU %MEM VSZ RSS TTY STAT START TIME
COMMAND
root 1 0.0 0.0 1120 52 ? S Dec25 0:05 init
root 2 0.0 0.0 0 0 ? SW Dec25 0:00 [kflushd]
root 3 0.0 0.0 0 0 ? SW Dec25 0:00 [kupdate]
root 4 0.0 0.0 0 0 ? SW Dec25 0:00 [kpiod]
root 1004 0.0 0.0 10820 48 ? SN Dec25 0:00 [mysqld]
root 1007 0.0 0.0 2852 0 ? SW Dec25 0:00 [smbd]
hugo 1074 0.0 0.0 1736 0 tty1 SW Dec25 0:00 [bash]
hugo 1263 0.0 0.0 1632 0 tty1 SW Dec25 0:00 [startx]
hugo 1271 0.0 0.0 2304 0 tty1 SW Dec25 0:00 [xinit]
hugo 1275 0.0 2.4 4312 1360 tty1 S Dec25 0:16 wmaker
hugo 2461 0.0 0.0 1636 0 tty1 SW 07:09 0:00 [netscape]
hugo 9618 0.9 4.9 5024 2688 pts/1 S 09:56 0:06 vim d03.html
hugo 12819 6.7 6.9 5580 3796 ? S 10:03 0:13 mpg123 King Diam
top
O comando top
é um programinha que mostra ao usuário os processos ativos no sistema. Ele é uma interface para o ps
, ou seja, ele mostra as mesmas informações que o ps
, só que em tempo real e na ordem de uso (quanto mais em cima, mais o processo está gastando processamento e memória). Experimente!
kill [-SINAL] <PID>
O comando kill
é bastante importante. A função deste comando é muito conhecida de quem usa Windows: ela mata um processo existente, principalmente quando o processo está travado (por isso os usuários Windows utilzam bastante). Este comando pode ser usado não apenas para forçar o término de um processo, como também enviar sinais para ele (Reiniciar, recarregar os arquivos de configuração, terminar normalmente, etc).
Por exemplo, eu tenho um programa rodando (vim
) e quero que ele seja morto natoralmente, sem confirmação, nem nada. Eu forço essa ação com o seguinte comando:
$ ps aux | grep vim
hugo 4213 0.1 0.6 9364 3544 pts/4 S+ 12:46 0:02 vim tlm4.0-pt_BR.xml
Uma vez obtido o PID do processo, mato com o comando:
$ kill -9 4213
Com esse segundo comando, o sinal -9
foi mandado para o processo, matando-o sem piedade!
Agora vamos usar o comando kill
para mandar terminar normalmente um processo:
$ kill -15 666
Ao invés do sinal 9, enviei o sinal 15, que significa terminar normalmente. Se fosse num ambiente gráfico por exemplo, isso é o equivalente a clicar em um Fechar Janela ou algo do gênero :)
Dica | |
---|---|
Ao invés de usar uma numeração para os sinais, é possível também usar os sinais escritos. Por exemplo, o nome equivalente ao sinal -9 é -KILL, o -15 é -TERM. Para obter uma lista dos sinais, use o comando:
|
killall [-SINAL] <comando>
Faz a mesma coisa que o kill
, só que a vantagem aqui é que você não precisa saber o PID do processo e sim o nome. A desvantagem é que se tiver dois processos com o mesmo nome, os dois são finalizados. Seguindo o exemplo do comando kill
:
$ ps aux | grep vim
hugo 4213 0.1 0.6 9364 3544 pts/4 S+ 12:46 0:02 vim tlm4.0-pt_BR.xml
Uma vez obtido o PID do processo, mato com o outro comando:
$ killall -9 vim
E lá se vai nosso vim
de novo, coitado :)
w
Com este comando, é possível você ver quais usuários estão atualmente logados no seu sistema, além de informações como "O que ele está fazendo", "aonde está fazendo", "desde quando está logado", etc. Vejamos um exemplo aqui da minha máquina:
$ w
15:16:47 up 6:28, 7 users, load average: 0.15, 0.27, 0.26
USER TTY FROM LOGIN@ IDLE JCPU PCPU WHAT
hugo :0 - 08:49 ?xdm? 40:10 0.06s /bin/sh /usr/bin/startkde
hugo pts/0 - 08:49 6:26m 0.00s 22.68s kded
hugo pts/1 - 13:07 57:46 0.02s 0.00s man 7 signal
hugo pts/2 - 14:05 41:48 0.05s 0.03s ssh aeris
hugo pts/3 - 15:16 0.00s 0.02s 0.00s w
hugo pts/4 - 12:26 10.00s 0.45s 0.43s vim tlm4.0-pt_BR.xml
hugo pts/5 - 12:56 55:37 0.26s 0.23s vim tlm4.0-pt_BR.xml
Índice
A seguir alguns comandos diversos que é bem útil saber, mas que não se encaixam em alguma categoria que defini acima :)
Para arquivos .tar.gz
:
$ tar zxpvf arquivo.tar.gz
Para arquivos .tar
:
tar xpvf arquivo.tar
Para arquivos .gz
:
gunzip arquivo.gz
Para arquivos .tar.bz2
:
tar jxpvf arquivo.tar.bz2
Para arquivos .bz2
:
bunzip2 arquivo.bz2
Para arquivos .zip
:
unzip arquivo.zip
Para arquivos .rar
:
unrar e arquivo.rar
Nota | |
---|---|
Para a extensão |
Empacotando um diretório em .tar
:
tar cvf arquivo.tar diretorio/
Empacotando e compactando um diretório em .tar.gz
:
tar zcvf arquivo.tar.gz diretorio/
Empacotando e compactando um diretório em .tar.bz2
:
tar jcvf arquivo.tar.bz2 diretorio/
Compactando um arquivo para .gz
:
gzip arquivo
Compacta um arquivo para .bz2
:
bzip2 arquivo
Comando | Descrição |
---|---|
date |
Mostra a data e hora atual |
cal |
Mostra um calendário com o dia atual |
uptime |
Mostra quanto tempo seu sistema está rodando |
free |
Exibe a memória livre, a usada e os buffers da memória RAM |
uname -a |
Mostra informações de versão do kernel |
Tabela 3.7. Comandos para informações do sistema